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Vaginismo afeta até 6% das mulheres

Vaginismo provoca contração involuntária dos músculos e impede qualquer penetração.
Exercícios e psicoterapia ajudam paciente a retomar controle sobre o próprio corpo.

Reinaldo José Lopes
Do G1, em São Paulo

Cumplicidade entre casal é importante para resolver problema (Foto: Reprodução)

Entre 2% e 6% de todas as mulheres adultas são literalmente incapazes de consumar o ato sexual com seus parceiros. E as restrições que sofrem vão além20 disso: mal conseguem ser examinadas por um ginecologista ou mesmo tocar internamente sua genitália. A condição é conhecida como vaginismo — uma contração involuntária dos músculos que impede totalmente qualquer forma de penetração.

Na tentativa de esclarecer as dificuldades ligadas ao problema, os psicólogos e psicoterapeutas sexuais Fátima Protti e Oswaldo M. Rodrigues Jr. estão lançando o livro “Vaginismo, quem cala nem sempre consente” (Editora 24×7). “Queremos atingir dois públicos: as mulheres, que muitas vezes nem sabem definir o problema, e os profissionais de saúde, muitos dos quais aparentemente não estão preparados para lidar com ele”, declarou Rodrigues ao G1.

Segundo o psicólogo, que trabalha no Instituto Paulista de Sexualidade e é membro do conselho consultivo da Associação Mundial de Saúde Sexual, é comum que as pacientes visitem uma fieira de ginecologistas, sem encontrar tratamento adequado. “É o caso de uma paciente nossa, recém-casada. Ela e o marido se mantiveram virgens por motivos religiosos. Os ginecologistas se limitavam a aconselhar que ela passasse lubrificante, quando o problema não é lubrificação — aliás, até o marido dizia que ela tinha excesso de lubrificação, na verdade”, conta Rodrigues Jr.

Mitos derrubados

O problema tampouco tem a ver com falta de desejo sexual ou trauma relacionado a abusos, diz o psicólogo. “Apenas uma minoria muito pequena das mulheres com vaginismo sofreu abusos. E elas têm libido, conseguem atingir o orgasmo e gostam das brincadeiras sexuais que antecedem a penetração”, afirma ele. O mais provável, diz ele, é que alguma situação inconsciente esteja impedindo o relaxamento normal dos músculos que permite o intercurso sexual. Há também uma minoria de casos ligados a causas físicas, como infecções genitais.

“É uma falta de controle sobre o próprio corpo”, resume Rodrigues Jr. O problema é tão severo que nenhum objeto, nem mesmo um absorvente interno, é passível de ser introduzido em pacientes com vaginismo. Alguns casais podem conviver com a situação por anos, até o momento em que decidem ter filhos. “E, embora a porcentagem de mulheres afetadas seja pequena, o número absoluto é enorme.”

Para o especialista, a situação é agravada pela abordagem equivocada de alguns médicos, que podem tratar o problema como algo puramente físico. “Há os que sugerem que a paciente beba alguma coisa para relaxar, ou então até aplique analgésico na região vaginal. São estratégias que simplesmente não resolvem. E a culpa tende a ser atribuída à mulher, como se ela quisesse impedir que o marido fizesse sexo com ela”, conta.

Autoconsciência

Segundo Rodrigues Jr., no entanto, é possível acabar com o reflexo muscular que gera o vaginismo com quase 100% de sucesso. “Existem exercícios que levam a paciente a ter consciência de sua região pélvica e associar o relaxamento dela ao ato sexual. Não adianta simplesmente dizer à mulher que ela precisa relaxar”, ressalta. No entanto, o mais importante, de acordo com ele, é tratar o casal em conjunto por meio de psicoterapia, de maneira que ambos trabalhem para resolver o problema.

“É difícil dizer quanto tempo isso leva — alguns casais podem precisar de seis meses, outros de um ano”, diz o psicólogo.


Fonte: G1 – Ciência e Saúde – Notícias
Problema pouco conhecido torna até 6% das mulheres incapazes de fazer sexo

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Psic. Oswaldo M. Rodrigues Jr.

Psicólogo Licenciado — CRP 06/20610-7 Graduado em Psicologia pela Universidade São Marcos (1984) e mestrado em Psicologia (Psicologia Social) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1996). Atualmente é conselheiro da Associação Brasileira para o Estudo da Inadequação Sexual, Assessor de Publicações da ALAMOC – Asociación Latinoamericana de Análisis del Comportamiento y Terapia Cognitivo-Comportamental, Assessor de Relações Internacionais da Sociedade Numismática Brasileira, coordenador do grupo de pesquisas do Instituto Paulista de Sexualidade e diretor e psicoterapeuta sexual e de casais do Instituto Paulista de Sexualidade. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Intervenção Terapêutica, atuando principalmente nos seguintes temas: disfunções sexuais, terapia sexual, sexologia, sexualidade e psicoterapia de casais.