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Adultos mais velhos têm mais problemas de saúde quando deixam o sexo

Oswaldo M. Rodrigues Jr.
Psicoterapeuta Sexual e de Casais
Instituto Paulista de Sexualidade
www.inpasex.com.br
www.oswrod.psc.br

O declínio nas atividades sexuais relaciona-se a problemas de saúde com a idade.

Esse declínio refere-se à diminuição do desejo sexual, a frequência das atividades sexuais, a habilidade de um homem ter ereções ou a mulher sentir-se sexualmente excitada. A saúde geral traz questões sobre a autopercepção de saúde, doenças crônicas, diagnósticos médicos de problemas vasculares até câncer.

Estudos de duração de vários anos de seguimento apontam estas questões no mundo ocidental.

Para homens com diminuição de atividades sexuais existe o aumento de doenças de longa duração e maior incidente de câncer. O que se denomina desejo sexual é um parâmetro associado à manutenção de atividades sexuais. A deterioração da saúde geral ocorre nestes homens com menor procura de atividades sexuais. Aqui surgem mais problemas com a ereção peniana.

As mulheres que diminuíram as atividades sexuais passam a observar-se com mais problemas de saúde, e surgem o câncer, doenças coronárias.

Quando escrevemos atividades sexuais temos uma variedade de comportamento e interações que a maioria das pessoas não relaciona como sexo diretamente.

A maior parte das pessoas pensa em sexo como o coito, a relação sexual com penetração. Inclusive muitas pessoas se negam compreender que sexo é muito mais do que a penetração, e aqui temos mais problemas.

Precisamos rever os conceitos sobre o que é sexo, o que significa sexo, ou restringiremos nossas atividades, limitando o que podemos fazer, do que fazemos em relação a sexo.

Sexo sempre foi complicado para o ser humano, e a maior parte da história referiu-se mais à reprodução do que ao erotismo e prazer. Assim, o fortalecimento da ejaculação intravaginal foi preponderante e buscada.

As atividades sexuais são de fato muito mais do que este momento ejaculatório. Infelizmente muitos homens e mulheres ainda seguem estas premissas. Dessa maneira, após os 50 anos uma mulher não podendo reproduzir, engravidar, desconsidera as atividades sexuais, “fechou a fábrica”, como muitas ainda dizem. E afirmam categoricamente, sem apresentar dúvidas. Isto significa que aquilo que estas pessoas, homens e mulheres afirmam, são regras rígidas a serem seguidas. Não podem reproduzir, afastam-se das outras atividades que também são sexuais, negando-se a denominarem de sexo o que seja extra penetração vaginal.

Existem muitas atividades e atitudes sexuais que deixamos de lado quando pensamos regras restritivas sobre o que é sexo.

Carinhos, toques físicos constantes, andar de mãos dadas, abraçar, cheirar, beijos cândidos ou selinhos, tomar banhos juntos, massagear o corpo do outro, dedicar tempo de convivência trocando atenções… estes hábitos são favorecedores do que chamamos de desejo sexual. E nem referimos, ainda, as atividades mais sexuais, a continuidade de uma massagem nas áreas do corpo que percebemos mais íntimas, menos públicas, que apenas permitimos serem tocadas em ambiente de confiança, de segurança.

Outro ponto importante é considerarmos que mudamos ao longo do tempo, e geralmente não percebemos e esquecemos destas mudanças. Assim deixamos de nos adaptar aos novos formatos e exigências do corpo, mas exigimos que este mesmo corpo reaja como se estivesse na adolescência. Precisamos de tempo e de convívio para aprender outra vez como este novo corpo funciona. E precisaremos destes novos aprendizados a cada par de anos, com a mesma pessoa que também precisaremos compreender em suas mudanças corporais, de percepção, para que novas sensações sejam feitas e compreendidas e classificadas como eróticas.

Adaptar-se a cada novo ano será o caminho do prazer!

Nem sempre os médicos com os quais nos consultamos para verificação geral de saúde estão atentos às questões sexuais. Afinal, eles também aprenderam desde a infância de que os mais velhos não fazem sexo, não precisam de sexo. Assim, o profissional de saúde que cuida das faixas etárias mais altas precisam atentar aos comportamentos sexuais variados como expressão de saúde. Reconhecer que um homem ou uma mulher com ais de 50 anos precisa ter e desenvolver comportamentos, atividades, atitudes pró-sexuais em continuidade à vida pregressa. Estes componentes sexuais são previsores de saúde futura nas décadas após os 50 anos de vida.

Vaginismo afeta até 6% das mulheres

Vaginismo provoca contração involuntária dos músculos e impede qualquer penetração.
Exercícios e psicoterapia ajudam paciente a retomar controle sobre o próprio corpo.

Reinaldo José Lopes
Do G1, em São Paulo

Cumplicidade entre casal é importante para resolver problema (Foto: Reprodução)

Entre 2% e 6% de todas as mulheres adultas são literalmente incapazes de consumar o ato sexual com seus parceiros. E as restrições que sofrem vão além20 disso: mal conseguem ser examinadas por um ginecologista ou mesmo tocar internamente sua genitália. A condição é conhecida como vaginismo — uma contração involuntária dos músculos que impede totalmente qualquer forma de penetração.

Na tentativa de esclarecer as dificuldades ligadas ao problema, os psicólogos e psicoterapeutas sexuais Fátima Protti e Oswaldo M. Rodrigues Jr. estão lançando o livro “Vaginismo, quem cala nem sempre consente” (Editora 24×7). “Queremos atingir dois públicos: as mulheres, que muitas vezes nem sabem definir o problema, e os profissionais de saúde, muitos dos quais aparentemente não estão preparados para lidar com ele”, declarou Rodrigues ao G1.

Segundo o psicólogo, que trabalha no Instituto Paulista de Sexualidade e é membro do conselho consultivo da Associação Mundial de Saúde Sexual, é comum que as pacientes visitem uma fieira de ginecologistas, sem encontrar tratamento adequado. “É o caso de uma paciente nossa, recém-casada. Ela e o marido se mantiveram virgens por motivos religiosos. Os ginecologistas se limitavam a aconselhar que ela passasse lubrificante, quando o problema não é lubrificação — aliás, até o marido dizia que ela tinha excesso de lubrificação, na verdade”, conta Rodrigues Jr.

Mitos derrubados

O problema tampouco tem a ver com falta de desejo sexual ou trauma relacionado a abusos, diz o psicólogo. “Apenas uma minoria muito pequena das mulheres com vaginismo sofreu abusos. E elas têm libido, conseguem atingir o orgasmo e gostam das brincadeiras sexuais que antecedem a penetração”, afirma ele. O mais provável, diz ele, é que alguma situação inconsciente esteja impedindo o relaxamento normal dos músculos que permite o intercurso sexual. Há também uma minoria de casos ligados a causas físicas, como infecções genitais.

“É uma falta de controle sobre o próprio corpo”, resume Rodrigues Jr. O problema é tão severo que nenhum objeto, nem mesmo um absorvente interno, é passível de ser introduzido em pacientes com vaginismo. Alguns casais podem conviver com a situação por anos, até o momento em que decidem ter filhos. “E, embora a porcentagem de mulheres afetadas seja pequena, o número absoluto é enorme.”

Para o especialista, a situação é agravada pela abordagem equivocada de alguns médicos, que podem tratar o problema como algo puramente físico. “Há os que sugerem que a paciente beba alguma coisa para relaxar, ou então até aplique analgésico na região vaginal. São estratégias que simplesmente não resolvem. E a culpa tende a ser atribuída à mulher, como se ela quisesse impedir que o marido fizesse sexo com ela”, conta.

Autoconsciência

Segundo Rodrigues Jr., no entanto, é possível acabar com o reflexo muscular que gera o vaginismo com quase 100% de sucesso. “Existem exercícios que levam a paciente a ter consciência de sua região pélvica e associar o relaxamento dela ao ato sexual. Não adianta simplesmente dizer à mulher que ela precisa relaxar”, ressalta. No entanto, o mais importante, de acordo com ele, é tratar o casal em conjunto por meio de psicoterapia, de maneira que ambos trabalhem para resolver o problema.

“É difícil dizer quanto tempo isso leva — alguns casais podem precisar de seis meses, outros de um ano”, diz o psicólogo.


Fonte: G1 – Ciência e Saúde – Notícias
Problema pouco conhecido torna até 6% das mulheres incapazes de fazer sexo