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Casais sem Sexo?

Existem casais que não fazem sexo… Muitas podem ser as razões. A frequência sexual coital depende de uma série de fatores que seguem regramentos que dirigem os relacionamentos e o mundo humano.

Primeiramente devemos considerar cada dos dois indivíduos envolvidos, depois o casal, e então fatores históricos e ambientais. Cada dos indivíduos tem próprias necessidades e formas de solucionar e administrar suas satisfações. A razão pela qual desejaram casar/formar casal será um ponto muito importante sobre quando a frequência coital irá diminuir.

Para as mulheres a razão ter filhos é um forte determinante: casar para ter filhos; teve os filhos desejados: não será mais necessário ter sexo! Para os homens o casamento pode ser um fator de segurança, e uma vez casado: o sexo pode ser procurado em outras pessoas (isto serve para heterossexuais e bissexuais). Estas razões não precisam ser conscientes, percebidas pelos indivíduos, podem ser regras absorvidas/criadas desde infância e que se realizam na vida adulta sem reconhecimento de serem sujeitos da ação. Formas individuais psicopatológicas também intervêm: ansiedade e depressão são as principais que atuam sobre a frequência sexual trazendo disfunções e inibições do desejo sexual.

O casal é outro fator de importância que determina como o sexo existirá a partir do estabelecimento das regras do casal. Como o casal estabelece que deve se relacionar e o papel do sexo no espaço conjugal. Isto é feito de maneira involuntária desde o momento que ambos se conhecem, negociando como devem agir de acordo com expectativas de ambos. Estas formas tendem a se cristalizar como maneira de garantir o relacionamento. Algumas destas regras podem incluir implicitamente que o sexo deve ser garantido na fase de sedução mas não ser necessário depois de algum tempo de relacionamento, por exemplo. E como estes acordos são feitos de forma tácita, nenhum dos dois reconhece que produziria esta diminuição de frequência coital.

Alguns fatores comuns ao longo da vida dos casais produz fases de diminuição coital que pode se estender. Um dos mais comuns é o nascimento de filhos. No puerpério a necessidade de atenção ao nascituro por parte da mãe, em especial com amamentação, deriva a atenção e as energias, diminuindo a disponibilidade emocional e física, em especial por parte da mulher. Porém, o que deveria durar um par de meses pode se estender quando o casal não tem habilidades para superar o interregno de diminuição coital. E devemos lembrar que esta condição pode se reproduzir outras vezes tantas quantos filhos o casal pretende ter.

Momentos de doenças crônicas de um dos cônjuges é claramente determinante de diminuição coital e se os papéis deles saírem de amantes para cuidadores, o desejo sexual estará fadado à diminuição, embora o laço afetivo positivo continue.

Alguns casais são assexuados, ou seja, não tem necessidades de relacionamentos sexuais,. Isto pode ocorrer num período de vida e não ser assim noutra fase da história do casal.

Muitos se preocupam com a rotina. A rotina em si não é um inibidor do desejo sexual.

Nossa cultura tem criado este mito como uma forma de justificar o que não se compreende.

Para a maioria das pessoas o conhecido é sempre desejável, não o contrário.

A rotina é ruim para pessoas impulsivas e sem controle sobre as emoções.

O que faltou para que um casal tenha comportamentos estereotipados na cama foi o desenvolvimento de um padrão diferenciado entre os 15 e 20 anos de idade. Naquela fase é que se criam os padrões para o comportamento sexual que se vai utilizar por toda a vida. O padrão desenvolvido geralmente é de repertório pobre e restrito, fazendo o que as pessoas chamam de “rotina”, um comportamento previsível sem estímulos variados que auxiliem ao outro focar mais no momento sexual, auferindo mais prazer.

As pessoas transam mesmo por fatores subjetivos, internos a si mesmas e não por fatores externos a exemplo do relacionamento a inabilidade de administrar o estresse, seja advindo do trabalho ou dos filhos e outros problemas.

Para algumas pessoas e alguns casais existem fases com menor desejo sexual e com menor disponibilidade para a atividade sexual. Estas podem ser fases e podem durar semanas, meses ou anos e não ser exatamente patológico.

O problema é se esta fase ocorre apenas com um dos cônjuges, produzindo uma inadequação sexual do casal.

O relacionamento conjugal existe com outras funções além do sexo. Estas outras funções são mais básicas do que a atividade sexual não reprodutiva, ganhando maior evidência e sendo mais importantes do que o sexo ao longo dos anos do casamento.

Um casal que passe uma fase sem atividades sexuais precisa de alguma elaboração para que o sexo retorno. Cada qual saber o que quer e poder expressar verbalmente é o passo inicial. O segundo passo exige paciência e o retomar do namoro e das aproximações físicas sensuais e eróticas de modo vagaroso e sobreposto. Assim ambos administram os limites existentes, não entram em ansiedades e não se submetem a novas emoções negativas que postergariam mais o sexo.

Isto significa que num primeiro momento de nada adianta a ideia de ir às pressas para um sex shop e encher o carrinho de compras para fazerem de tudo no próximo fim de semana!

A possibilidade de fazer sexo depende dos dois desejarem e terem uma comunicação verbal clara e compreendida pelo outro, terem organização do cotidiano, do local que facilite a possibilidade de sexo, e terem um plano de vida que inclua o sexo como forma de relacionamento e comunicação emocional-afetiva do casal.

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Psic. Oswaldo M. Rodrigues Jr.

Psicólogo Licenciado — CRP 06/20610-7 Graduado em Psicologia pela Universidade São Marcos (1984) e mestrado em Psicologia (Psicologia Social) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1996). Atualmente é conselheiro da Associação Brasileira para o Estudo da Inadequação Sexual, Assessor de Publicações da ALAMOC – Asociación Latinoamericana de Análisis del Comportamiento y Terapia Cognitivo-Comportamental, Assessor de Relações Internacionais da Sociedade Numismática Brasileira, coordenador do grupo de pesquisas do Instituto Paulista de Sexualidade e diretor e psicoterapeuta sexual e de casais do Instituto Paulista de Sexualidade. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Intervenção Terapêutica, atuando principalmente nos seguintes temas: disfunções sexuais, terapia sexual, sexologia, sexualidade e psicoterapia de casais.